O GLOBO - RJ - ESPORTES |
A mudança repentina de discurso do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que no início do mês elogiou os preparativos do Brasil para a Copa de 2014 e, na segunda-feira, fez críticas severas ao planejamento brasileiro, não ficou sem resposta. Ontem, por meio de nota oficial publicada no site da CBF, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, rebateu ponto por ponto as críticas de Blatter, as quais considerou incoerentes. Surpreso com a posição do dirigente, Teixeira negou que existam problemas de governança que atravanquem as obras, confirmou que o Maracanã será entregue no prazo estipulado pela Fifa para ser usado na Copa das Confederações e esclareceu que, apesar de demandar atenção, o estádio de São Paulo não pode ser considerado carta fora do baralho para o evento-teste, em junho de 2013. Teixeira reforçou o convite para que o suíço venha ao país ver de perto o estágio das obras de construção e reforma de estádios. Entre todas as críticas, uma das que causou mais mal-estar foi a de que o COL deveria pressionar as autoridades estaduais e municipais para que estas discutissem menos sobre os estádios e viabilizassem mais rapidamente os projetos. Primeiramente, porque, segundo Teixeira, todas as esferas de poder — lideradas pelo governo federal, na figura da presidente Dilma Roussef, que tem participado amplamente do projeto Copa 2014 — estão trabalhando em conjunto, inexistindo a desarmonia de atuação sugerida por Blatter. Depois, porque o COL tem claro que interferir no trabalho de políticos não está entre suas atribuições. “Não é papel da CBF pressionar governantes, ainda mais quando não há nenhum motivo para tal. Temos contado com a participação, colaboração e interesse total de nossos parceiros no governo e trabalhamos de forma colaborativa e integrada com todas as esferas de governo, tendo a frente a presidenta Dilma Rousseff”, diz a nota. O diretor de comunicação do COL, Rodrigo Paiva, lembrou que o papel do comitê é cobrar cronogramas, garantias financeiras de construção e se certificar se os projetos de estádios estão de acordo com o padrão Fifa de qualidade. São Paulo ainda inspira atenção Hoje, a posição do comitê é de que, em relação à Copa do Mundo, programada para ser realizada entre 13 de junho e 13 de julho, todos os 12 estádios que receberão jogos podem ser considerados dentro do cronograma, ainda que o início das obras do Itaquerão, em São Paulo, e a Arena das Dunas, em Natal, estejam previstas para o mês de maio. O estádio de Natal, que até há bem pouco tempo era o que mais preocupava o COL, deixou de ser motivo de dor de cabeça, uma vez que o projeto já foi viabilizado economicamente. São Paulo, sim, inspira atenção. Rodrigo Paiva revelou que as reuniões com os responsáveis pela construção têm sido constantes, e que ainda estão sendo feitos ajustes no projeto para que o BNDES possa liberar a carta de crédito. Mesmo assim, não se pode descartar São Paulo como uma das sedes da Copa das Confederações. — O prazo é enxuto, não temos muita gordura para queimar, mas, se tudo correr como vem sendo prometido, vai estar pronto — explicou o dirigente. — Já o Maracanã nunca foi problema, assim como o Beira-Rio, onde, apesar de o Inter ter demorado a arrumar um parceiro, as obras nunca pararam. As críticas de Blatter ao Brasil também foram recebidas como um ataque político a Ricardo Teixeira, que, na escolha da sede da Copa de 2022, apoiou a vitoriosa candidatura do Qatar, liderada pelo presidente da Confederação Asiática de Futebol, Mohamed bin Hamman, candidato de oposição à presidência da Fifa nas eleições de 1º de junho. Blatter, na ocasião, apoiava a candidatura dos Estados Unidos. O suíço, que deverá se reeleger para seu quarto mandato na Fifa, estaria fazendo uma retaliação ao dirigente brasileiro, líder dos blocos sul-americano e da Concacaf, que votarão juntos, mas ainda não definiram candidato, o que deve acontecer nos próximos dias. Como estão os 12 estádios MARACANÃ: Em recente vistoria na preseça do ministro-chefe da CGU, Jorge Hage Sobrinho, e do relator do TCU para a Copa de 2014, ministro Valmir Campelo, o governador do Rio, Sérgio Cabral, confirmou que o estádio será entregue em dezembro de 2012 e, com uma nova cobertura, estará à disposição para a Copa das Confederações, com capacidade para 76 mil pessoas, a um custo máximo de R$1,05 bi. ITAQUERÃO (SP): Ainda estão sendo feitos ajustes no projeto para que seja possível captar carta de crédito de R$400 milhões no BNDES. O início das obras está previsto para maio, com um custo estimado de R$600 milhões. A capacidade será de 65 mil torcedores. Deve receber o jogo de abertura. BEIRA-RIO (RS): O Internacional anunciou na semana passada que a construtora Andrade Gutierrez viabilizará financeiramente as obras do estádio, em troca da concessão de sua exploração pelos próximos 20 anos. O Beira-Rio terá capacidade ampliada para 60 mil lugares. O custo estimado é de R$270 milhões. MINEIRÃO (MG): É considerada a obra mais avançada da Copa. Está entrando em sua terceira fase. O custo total do projeto, entre a reforma do estádio e da esplanada, é de R$743 milhões. ARENA DA BAIXADA (PR): É um dos estádios privados do Mundial. O Atlético-PR prevê o início das obras para junho deste ano, a um custo de R$130 milhões. Serão construídos um quarto lance de arquibancada e a cobertura. O município liberou crédito de R$90 milhões para o clube paranaense. A capacidade será de 42 mil lugares. MANÉ GARRINCHA (BSB): A demolição e o desmonte de partes da arquibancada já foram iniciados. O novo Mané Garrincha terá capacidade para 71 mil torcedores e custará R$671 milhões. O projeto inclui estacionamentos, área de apoio, vestiários e lojas. ARENA DO PANTANAL (MS): As obras de fundações deveriam terminar em dezembro, mas foram adiadas devido às chuvas. Com arquibancadas e cobertura desmontáveis, a capacidade de 43.600 lugares poderá ser reduzida em até 30% após o Mundial. O custo previsto é de R$342 milhões. ARENA AMAZÔNIA (AM): As obras continuam, e no momento, estão sendo instaladas as bases para a arquibancada inferior. A nova arena substituirá o Vivaldo Lima, em demolição. A capacidade será de 42.200 torcedores, a um custo de R$450 milhões. CASTELÃO (CE): As obras no entorno começaram, mas as internas estão previstas para 31 de março. Com a reforma, o Castelão passará a ter 67.037 lugares, além de estacionamento, centro olímpico e um ginásio. O custo foi orçado em R$518,6 milhões. O Ceará pretende receber uma das semifinais da Copa. ARENA DAS DUNAS (RN): Assim como São Paulo, é o único local onde as obras para o Mundial de 2014 ainda não começaram. O início está previsto para o mês de maio e ficará a cargo da OAS, única participante da licitação. O custo total da obra, hoje, está calculado em R$593 milhões. As arquibancadas flexíveis permitirão remover parte dos 47 mil assentos do estádio depois da Copa. ARENA NOVA FONTE (BA): Substituirá a antiga Fonte Nova. Terá capacidade para 50.433 lugares e três aneis de arquibancada, mas como os baianos ainda mantém a esperança de substituir São Paulo na abertura da Copa, poderá ser ampliada para 65 mil. A previsão de custos é de R$590 milhões. ARENA PERNAMBUCO (PE): A obra está na fase de terraplanagem e fundações. Localizada em São Lourenço da Mata, a 19 km de Recife, terá capacidade para 46 mil lugares e seis mil vagas para carros. Custará R$532 milhões. |
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